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A Respiração como Ponte


Fundamento Neurocientífico da Técnica de Indução Lumni

A prática terapêutica do Instituto Lumni parte de um princípio fundamental: a respiração consciente e dirigida é capaz de alterar estados cerebrais e levar o paciente a um nível de consciência ampliado. Neurocientificamente, esse processo se alinha com os achados recentes sobre as interações entre respiração, atenção e os estados cerebrais chamados hipnagógicos, nos quais o cérebro entra em um estado de alerta suave - o estado Alfa.

Segundo Camila Vorkapic (2021), práticas que envolvem modulação da respiração tem efeitos concretos sobre o sistema nervoso: ativam o sistema parassimpático (SNP), elevam a atividade vagal e inibe a hiperatividade da amígdala, centro do medo e da reatividade emocional. Essa desativação do alerta defensivo permite que o paciente entre em um estado de relaxamento profundo, mas atento - exatamente o estado Alfa.

Durante esse estado, o cérebro desacelera sua atividade de ondas beta (comuns na vigília ativa) e amplia a presença de ondas alfa e teta, favorecendo plasticidade sináptica, introspecção e acesso a conteúdos inconscientes. A indução respiratória proposta na técnica Lumni busca conscientemente esse ponto de transição. Por meio de uma respiração nasal, lenta e rítmica, o paciente é guiado a um estado hipnagógico - uma faixa de transição entre vigília e sono, onde a percepção se expande e o inconsciente se torna mais acessível.

Esses estados têm sido associados ao aumento da atividade em áreas como a ínsula, hipocampo e córtex pré-frontal, estruturas responsáveis pela percepção interoceptiva, memórias e elaboração simbólica da experiência. Ou seja, o paciente nao apenas relaxa, mas torna-se receptivo a conteúdos psíquicos mais profundos, muitas vezes inacessíveis no estado de vigília comum.

INDUÇÃO: A técnica começa com a acomodação corporal e a respiração nasal profunda, com inspiração em 4 tempos e expiração em 6. Essa fase dura entre 3 e 5 minutos, promovendo o desligamento progressivo das ondas beta e ativação de alfa. O terapeuta pode usar sugestões suaves, evocando imagens de flutuação ou segurança, para aprofundar o estado hipnagógico.

SAÍDA: A saída do estado Alfa é feita de forma gradual. O terapeuta orienta o paciente a aumentar levemente o ritmo respiratório, mover lentamente as mãos e os pés, e abrir os olhos somente após um comando final, ancorando a consciência ao momento presente com serenidade e leveza. Essa técnica, portanto, nao e uma simples meditação nem um exercício mecânico de respiração. Ela é uma ferramenta de transição de estado de consciência, uma chave neurobiologicamente validada para despertar níveis mais sutis de percepção de si e do mundo, alinhando cérebro e espírito em um caminho de cura profunda.


BIBLIOGRAFIA:

- VORKAPIC, Camila. Neurociencias e Mindfulness. PUCRS, 2021.

- GERBARG, P.; BROWN, R. The Healing Power of the Breath. Shambhala Publications, 2012. 

- KRASNOW, M. et al. Breathing is a fundamental rhythm of brain function. Nature, 2016. 

- MELNYCHUK, M. C. et al. Coupling of respiration and attention via the locus coeruleus. Nature Communications, 2017. 

- AFTANAS, L. I. et al. EEG correlates of meditation: reduced beta and increased alpha and theta. Neuroscience Letters, 2009.


 
 
 

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